Leia como queira.
Tudo se passa no presente do ato. O ato de escrever que vem de um lugar habitado por uma lógica que faz com que a seja seguido de b para poder então dizer c e assim sucessivamente. Acontece que não.
Uma experiência que há tempos me dou é o exercício de começar a ler as legendas (textos em posts do instagram, por exemplo) de baixo para cima. Poemas ao serem lidos assim me mostram uma afirmação outra, avessa, travessa. Travessia da volta ao ponto de início que se afirma como o fim.
Assim sendo ou não sendo, fico interessada em produzir uma escrita que fosse como cartas em um oráculo onde cada uma delas diz tudo o que tem pra dizer naquele momento e dali se fará uma interpretação ou não.
“Já não há mais o avenir como conceito de futuro. Tudo se passa
no presente, no instante do ato …” — disse Lygia Clark, e com pressa de dizer.
O que poderia ser o melhor de mim a dizer em confidência numa carta para alguém que eu destituísse ao mesmo tempo a autoridade de ser um destinatário importante, e a mim mesma como autora supostamente eminente?
Teria sido você o primeiro a começar sua leitura por esta linha que acaba aqui? É assim que começa.